segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Feijoada de Peixe

Neste inverno que passou, tive o prazer de testar uma receita ótima para o frio e que deu certo: feijoada de peixe. Encontrei num livrinho de receitas, desses de bolso, da LPM. Havia comprado o livro no início do ano (em um sebo na Osvaldo Aranha - Ábaco Livros), mas deixei para experimentar a feijoada quando a temperatura baixasse. Não postei aqui antes (do inverno acabar) porque queria colocar uma foto e nas duas vezes que fiz, as fotos ficaram péssimas (ao contrário do sabor, ainda bem!). Resolvi deixar a foto para depois e postar logo, assim se alguém quiser aproveitar esse início de primavera ainda friozinho para testar a receita não irá se arrepender. Fica perfeita acompanhada de um vinho e não precisa de mais nada, talvez pão, pra quem gosta.

 Fonte: acervo pessoal - Mercado Público de Florianópolis/SC
Feijoada de Peixe

Ingredientes:

1 kg de peixe em pedaços
½ kg de feijão branco
1 batata
3 cenouras
1 cebola
2 copos de caldo de peixe
1 copo de vinho branco
3 tomates

Modo de Fazer:
Numa panela ampla, coloque um pouco de óleo e a cebola cortada em pedaços. Em seguida, acrescente os tomates e as cenouras picados. Depois a batata também cortada em pedaços. Em seguida o feijão, que deve ter ficado de molho em água. Acrescente também a água do feijão. Adicione o vinho e o caldo de peixe. Tampe a panela e deixe cozinhar por, no mínimo, 40 minutos. Coloque o peixe cortado e acerte o sal. Deixe cozinhar por mais alguns minutos para aprontar o peixe. Depois é só servir bem quente!

Fonte: LUCCHESE, Fernando; MACHADO, José Antonio Pinheiro. Dieta Mediterrânea. Porto Alegre: L&PM, 2005. 160p. il. (Coleção L&PM Pocket, 468).

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Seu nome

Meu irmão, Patrick Peres, faz Teatro no DAD (Departamento de Arte Dramática da UFRGS), e no semestre passado fez uma peça onde falava um poema do Fabrício Corsaletti (uma entrevista para a Folha aqui e outros poemas aqui), um poeta paulista que eu não conhecia até então. Esse “então”, na verdade, foi um pouco antes de assistir a peça, foi nas férias do verão passado quando voltávamos de carro de Pelotas e o meu irmão aproveitou a viagem para decorar o texto. Depois de alguns quilômetros de leitura, fiz a sabatina, enquanto ele dizia, eu ia conferindo no papel, já estava na ponta da língua e a peça ficou ótima! Adorei o poema, que está no livro Esquimó, da Companhia das Letras, lido pelo próprio autor nesse vídeo e transcrito abaixo. Genial!


Seu nome

(Fabrício Corsaletti)

Se eu tivesse um bar, ele teria o seu nome
Se eu tivesse um barco, ele teria o seu nome
Se eu comprasse uma égua, daria a ela o seu nome
Minha cadela imaginária tem o seu nome
Se eu enlouquecer, passarei as tardes repetindo o seu nome
Se eu morrer velhinho, no suspiro final balbuciarei o seu nome
Se eu for assassinado, com a boca cheia de sangue gritarei o seu nome
Se encontrarem meu corpo boiando no mar, no meu bolso haverá um bilhete com o seu nome
Se eu me suicidar, ao puxar o gatilho pensarei no seu nome
A primeira garota que beijei tinha o seu nome
Na sétima série, eu tinha duas amigas com o seu nome
Antes de você, tive três namoradas com o seu nome
Na rua há mulheres que parecem ter o seu nome
Na locadora que frequento tem uma moça com o seu nome
Às vezes, as nuvens quase formam o seu nome
Olhando as estrelas é sempre possível desenhar o seu nome
O último verso do famoso poema de Éluard poderia muito bem ser o seu nome
Apollinaire escreveu poemas a Lou porque na loucura da guerra não conseguia lembrar o seu nome
Não entendo por que Chico Buarque não compôs uma música para o seu nome
Se eu fosse um travesti, usaria o seu nome
Se um dia eu mudar de sexo, adotarei o seu nome
Minha mãe me contou que, se eu tivesse nascido menina, teria o seu nome
Se eu tiver uma filha, ela terá o seu nome
Minha senha do e-mail já foi o seu nome
Minha senha do banco é uma variação do seu nome
Tenho pena dos seus filhos porque em geral dizem "mãe" em vez do seu nome
Tenho pena dos seus pais porque em geral dizem "filha" em vez do seu nome
Tenho muita pena dos seus ex-maridos porque associam o termo ex-mulher ao seu nome
Tenho inveja do oficial de registro que datilografou pela primeira vez o seu nome
Quando fico bêbado, falo muito o seu nome
Quando estou sóbrio, me controlo para não falar demais o seu nome
É difícil falar de você sem mencionar o seu nome
Uma vez sonhei que tudo no mundo tinha o seu nome
Coelho tinha o seu nome
Xícara tinha o seu nome
Teleférico tinha o seu nome
No índice onomástico da minha biografia haverá milhares de ocorrências do seu nome
Na foto de Korda para onde olha o Che senão para o infinito do seu nome?
Algumas professoras da USP seriam menos amargas se tivessem o seu nome
Detesto trabalho porque me impede de me concentrar no seu nome
Cabala é uma palavra linda mas não chega aos pés do seu nome
No cabo da minha bengala gravarei o seu nome
Não posso ser niilista enquanto existir o seu nome
Não posso ser anarquista se isso implicar a degradação do seu nome
Não posso ser comunista se tiver que compartilhar o seu nome
Não posso ser fascista se não quero impor a outros o seu nome
Não posso ser capitalista se não desejo nada além do seu nome
Quando saí da casa dos meus pais fui atrás do seu nome
Morei três anos num bairro que tinha o seu nome
Espero nunca deixar de te amar para não esquecer o seu nome
Espero que você nunca me deixe para eu não ser obrigado a esquecer o seu nome
Espero nunca te odiar para não ter que odiar o seu nome
Espero que você nunca me odeie para eu não ficar arrasado ao ouvir o seu nome
A literatura não me interessa tanto quanto o seu nome
Quando a poesia é boa é como o seu nome
Quando a poesia é ruim tem algo do seu nome
Estou cansado da vida mas isso não tem nada a ver com o seu nome
Estou escrevendo o quinquagésimo oitavo verso sobre o seu nome
Talvez eu não seja um poeta à altura do seu nome
Por via das dúvidas, vou acabar o poema sem dizer explicitamente o seu nome

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Veludos severos




[...] vi uma menina fugir de casa [...] levando consigo, para toda a vida, o leve e o ilimitado que resistiam aos veludos severos de seu lar [...]. (RAMIL, 2008, p. 245, grifo nosso).



REFERÊNCIA

RAMIL, Vitor. Satolep. São Paulo: Cosac Naify, 2008. 288p., 28 ils.

sábado, 21 de agosto de 2010

The Logical Song



Encontrei esse vídeo do Supertramp, que é uma banda britânica, dos anos 70/80, de rock progressivo. A música é daquelas que todo mundo já ouviu alguma vez, num passado longínquo. Essa versão é acompanhada de orquestra. Fui dar uma olhada na letra e achei bem legal (letra e tradução aqui).

Fala da infância, paraíso perdido, onde os pássaros cantavam e brincavam, porém, logo o expulsaram, para lhe mostrar o mundo real e lhe ensinar a ser “sensato”:

Logical, oh responsible, practical

Oh clinical, oh intellectual, cynical

Mas, é quando todo mundo dorme que as questões seguem profundas demais...
E mesmo sabendo que é absurdo, ele pede pra que lhe digam quem ele é:

But please tell me who I am

E adverte para que tomem cuidado ao responder, pois poderão ser chamados de:

A liberal, oh fanatical, criminal

Para que isso não aconteça, é preciso “assinar o nome”, para que sejamos:

Acceptable, respectable, oh presentable, a vegetable


A poesia sintetiza (lindamente, na maioria das vezes) as grandes questões humanas, e pra que isso seja possível, em poucos versos, é quase que inevitável ir ao extremo. Adoro a música e os versos, mas, na prática, nem tanto, nem tão pouco: nem a infância é tão paraíso assim e nem precisamos ser um vegetal depois de crescidinhos. Acho que a arte serve pra provocar, pra bagunçar um pouquinho a lógica do mundo sensato (mencionada na canção), serve como um alerta: cuidemos pra não sairmos por aí rotulando o mundo e as pessoas, e principalmente nós mesmos! Não precisamos ser o que o mundo espera que sejamos (ou o que a gente acha que o mundo espera!) – dá sempre pra ouvir a alegria dos pássaros cantando, mesmo depois de nos tornarmos abstêmios da mamadeira!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Três receitas de peixes


Como fazemos todo final de ano, passamos o réveillon em Pelotas, com a família. Ainda bem que tinha uma festinha salvadora, a famosa (em Pelotas, pelo menos por enquanto) festa da Helô, pra ir, depois dos brindes, salgadinhos e abraços. Apesar de eu ter passado mal na volta da festa e no dia seguinte (excessos alimentares e etílicos típicos de festas de final de ano), foi bem legal! No dia dois, fomos até a Barra, na cidade de Rio Grande, onde o meu marido, quando criança, costumava passar uns dias nas férias de verão, e onde agora os meus sogros compraram uma casinha que estavam reformando: fomos então conhecer a casa. Os meus ânimos não eram dos melhores, já que ainda não tinha me recuperado totalmente do dia anterior, por isso (e também por que a pilha recarregável da máquina fotográfica tava estragada!) nem tenho fotos da casa, que ainda não estava pronta. Voltamos logo em seguida do almoço. Mas antes de voltarmos, meu marido não podia deixar de passar no galpão dos pescadores pra levar uns peixinhos, que ele adora, sendo de lá, então, melhor ainda! Não tinha muita coisa, mas conversando com o pescador ele conseguiu levar uma anchova inteira, um filé gigante de anjo e um pedaço de cação, que era um bicho enorme! Ainda levou uma tainha pra deixar de presente pro meu irmão, em Pelotas, que ficou lá congelada no freezer, espero que ele tenha feito bom proveito e dado a ela um destino digno: uma boa receita!

Quanto aos nossos, trouxemos pra Porto Alegre em bolsas térmicas, chegaram bem, todos ainda congelados. Aqui em casa, até então, normalmente quem preparava peixes era o meu marido, eu não tinha muita habilidade. Mas como ele estava atarefadíssimo estudando pra concurso todas as noites e todos os finais de semana, além de trabalhar todos os dias, resolvi colocar a mão na massa.

Escolhi primeiro a anchova, que é um peixe ótimo pra assar na grelha, pois é bem gordinho e saboroso, fazíamos isso na praia. Mas aqui, antes de ter a churrasqueira pronta, ainda temos que encarar umas reformas, então tinha que ser no forno mesmo. Fui pesquisar umas receitas na Internet e encontrei um vídeo da sexta-feira santa do ano passado falando das ofertas dos peixes e tal e uma culinarista ensinando a preparar uma tainha assada recheada com farofa. Achei muito bom o vídeo, pois mostra todos os passos, inclusive como costurar o bicho depois de rechear. A tainha e a anchova são peixes que se assemelham, pois ambas tem a tal gordurinha boa pra assar. Resolvi experimentar e ficou uma delícia. É claro que antes eu chamei o meu peixeiro particular pra limpar a anchova e “cortar pelo dorso”, que fica melhor pra rechear. Detalhe: não tinha barbante em casa e tive que fechar com linha de costura, é péssimo porque a linha arrebenta toda hora e tem que emendar, é muito mais complicado, comprem um rolinho de barbante antes de testar a receita!

Esse é o vídeo, mas a receita é só aos 2:55 min:

A segunda vítima foi o cação. Não tava a fim de forno e também não tenho coragem suficiente pra fritar peixe, porque faz muita sujeira (adoro, mas aqui em casa é sempre o Vagner que frita), então fui pesquisar de novo na Internet, mais receitas. Encontrei uma de peixe cozido com manga que achei ótima, mas a manga que eu tinha era muito pequena e tava ainda bem verde. O Vagner achou uma de peixe com mandioquinha, é claro que não tínhamos mandioquinha em casa, mas a batata serve pra quê? Pra compensar o colorido, coloquei um pouquinho de açafrão e pra compensar a consistência (imagino que com a mandioquinha tivesse ficado mais espesso o caldo) uma colher da velha amiga Maizena. Também deu certo! E a manga foi parar na salada de alface!

Por último ficou o filé de anjo, na esperança que o Vagner fizesse uma fritada (o anjo é o meu preferido fritinho). Mas que nada, os estudos em primeiro lugar! Tive eu mesma que dar um fim pro filezão! Depois da tradicional pesquisa na Internet, encontrei uma receita de peixe assado com creme. Não tinha cogumelos em casa, mas substitui por uma latinha de ervilha. Escolhi essa receita porque o peixe vai pro forno coberto com o creme, então não tem perigo de ficar seco, pois o anjo não é como a anchova, não tem a tal da gordurinha. Fritinho ele é the best, mas no forno tem que tomar cuidado. Com o creme por cima ficou tudo de bom! O creme ficou saboroso, e o peixe suculento! Essa eu vou repetir com certeza, porque além de tudo é super fácil e rápida! Aliás, vou repetir todas, porque peixe é uma delícia e ainda faz bem! Das três, não sei qual a melhor, estão todas aprovadíssimas!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Volta às aulas


O semestre começou com tratamento de choque: aula de manhã, de tarde e de noite, frango salgado e feijão queimado no R.U., além do café requentado do bar da FABICO! (Tenho sérias dúvidas em relação ao que será que é misturado àquele pó de café... Acho melhor nem saber!). O lado bom: rever os colegas, apesar de muitos irem ficando perdidos nos semestres anteriores...

Enfim, sobrevivi aos dois primeiros dias, agora é tomar fôlego e começar a gincana! Já temos, é claro, a primeira tarefa para a semana que vem. Mas, como vi escrito numa camiseta hoje de manhã: “La vie est belle” – acreditemos, portanto!


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Fragmento de Fernando Pessoa


[...]  Temos, todos que vivemos,

Uma vida que é vivida

E outra vida que é pensada,

E a única vida que temos

É essa que é dividida

Entre a verdadeira e a errada. [...]

(Fernando Pessoa - In Poesia 1931-1935 e não datada)


Hoje, penso somente em um pouco de sol!




Mas parece que ele não vai aparecer...


quinta-feira, 15 de julho de 2010

Título alternativo: “A vida como ela é”



Vamos inaugurar, então, a categoria de posts “Título Alternativo”.

O post anterior, “Desabando... num dia de sol”, também poderia ser chamado de “Bipolar”,   ou  de  “A vida como ela é”. Só falta a inserção da introdução daquela música, trilha da minissérie A vida como ela é, da TV Globo, baseada em Nelson Rodrigues, lembra da música?

Criando Categorias: Título Alternativo


Pretendo criar algumas categorias para o blog. A primeira delas será a seguinte: “Título Alternativo”, que servirá para dar outros possíveis títulos para posts já publicados. É tão bom dar nome às coisas, ora, por que um post tem que ter um só título, se existem tantas possibilidades!

Desabando... num dia de sol...


Existe um ditado que todo mundo conhece: “Depois da tempestade, vem a bonança”. Para o Creedence, alguém falou o contrário: “Há uma calmaria antes da tempestade”. Daí, podemos concluir que deve ser cíclico. Ou não: há uma tempestade caindo em pleno dia de sol.

I know, it's been comin' for some time

Comin' down on a sunny day

Sempre penso que depois... quem sabe um dia...
Mas o futuro é sempre o futuro...

Ouvi alguém bastante experiente falar que “vida normal não existe”, enquanto balançava enfaticamente (e negativamente) a cabeça para os lados. Não me restou alternativa senão acreditar...

Pensei que depois, talvez, um dia... num sítio em Nova Petrópolis... vendo as flores e os passarinhos... o sol, a chuva...

Comin' down on a glorious day

Pensava... que, talvez... um dia...

I know, been that way for all my time

“Eu quero saber...
você já viu como
é uma tempestade?

Eu quero saber...
você já viu como
é uma tempestade?

Desabando...
num dia de sol”

I know

terça-feira, 13 de julho de 2010

Que nome é esse?


Diferentemente do meu outro blog (In-fólio Digital), esse aqui pode ser classificado como um blog de variedades, ora, pois num café, fala-se de tudo!

O nome surgiu de uma brincadeira doméstica. No bairro onde eu morava até o ano passado, a feira acontecia às quintas-feiras, a noite, o que permitia que nós pudéssemos frequentá-la. Comprávamos, além de frutas, legumes e verduras, pão feito em casa, cuca, queijo, mel, goiabada, frios e o que mais tivesse de bom para tomar café. Com tudo fresquinho, íamos para casa preparar o quase “café colonial”. Logo, o melhor café da semana era o de quinta-feira, o que bastou para que “café de quinta” fosse sinônimo de coisa boa, ironicamente, pois sabemos que a expressão “de quinta” significa algo sem qualidade.

Sente-se, sirva-se e saboreie! São grãos selecionados, de primeira!